sexta-feira, abril 08, 2011

Tragédia em Realengo













Por Luanda Nascimento



Rio de Janeiro…

Parecia um dia comum onde todos iam seguir sua rotina diária, levantar, tomar café, passar o seu dever de casa, ajudar os pais ao sair para escola, enfim, seguir a sistemática forma de encarar as nossas responsabilidades cotidianas.
Parecia mais um dia em que esses adolescentes teriam o prazer de sonhar com suas profissões, com a festinha e o sorvete no final de semana, com o almoço na casa da avó, com o descanso com os pais, com o trabalho que o professor de matemática passou no colégio. Sonhar com a infinita forma com que adolescentes sonham com a vida.
Parecia uma quinta feira feliz, quase véspera de final de semana, e esses adolescentes encarariam a sala de aula para conseguirem aprender não só o conteúdo, mas um pouco do que se deve aprender todos os dias em um ambiente escolar, Como o respeito e a cidadania, dignidade e paz, tudo isso para a construção de um mundo melhor.
Mas não foi um dia qualquer, nem para esses adolescentes que tiveram a vida ceifada, nem para nenhum de nós brasileiros, povo que luta todos os dias para sustentar sua família no final do mês, povo que derrama o suor e às vezes até as lágrimas para sustentar os seus filhos e tentar dar a eles, o melhor que eles podem dar. Povo sofrido, mas batalhador.
 É não foi um dia qualquer… e sim um dia onde houve muito derramamento de sangue, muita dor no peito da nossa nação.
O que leva um ser como esse atirador, voltar a sua escola de origem e atirar em crianças e adolescentes? Seria a sua falta de amor? Seria o seu complexo de inferioridade diante dos outros seres? Seria a sua rejeição diante da vida? Os rótulos, a introspectividade, o silêncio, a dor do abandono da mãe biológica, a dor existencial? A falta de Deus?
Essas respostas são incógnitas que aparecem como ulcerações nunca cicatrizadas.
Não saberemos de fato o que levou esse homem a fazer tudo isso, mas só fica a certeza em nossos corações doídos que, devemos lutar para que tragédia maior não venha acontecer novamente.
Devemos investir em políticas públicas para desarmar esse povo, fazer campanha pela paz, trabalhar o eu humano, ceifar a violência pela raiz. Sociedade doente da falta de estruturação governamental e doente também da alma.
Sociedade que gera Wellingtons, e quantos mais aparecerão se não procurarmos agora restabelecer o que nos resta. Wellingtons que atirarão em josés, em Rafaeis, em Larissas, em Marianas, entre outros inocentes…
Inocentes que queriam construir suas vidas…
Tragédia em Realengo, zona oeste do Rio de Janeiro, na escola Municipal Tasso da Silveira. 12 crianças mortas e inúmeras feridas.
Definitivamente, esse dia 07 de abril de 2011 jamais será esquecido por nós.








6 comentários:

  1. De fato é lamentável o acontecido em Realengo, o que nos leva a refletir na formação dos nosso jovens... Vivemos em mundo globalizado, em que houve o encurtamentos das distâncias, onde tudo é permitido,porém estamos perdendo a essência, os valores e a vida está sendo banalizada. É uma pena. Acredito que as famílias precisam mais de Deus, é necessáris se resgatar os valores, o respeito e o AMOR ao próximo, para que nosso jovens pecebam o outro como imagem e semelhança de Deus.

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  2. Para que nós amiga, sejamos imagem e semelhança de Deus, para que tenhamos amor nesse nosso coraçãozinho. Comentário muito pertinente. Obrigada pelo carinho.
    Atenciosamente, Luandaaaaaaaaaaaaa!

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  3. Fico admirado com a mega-produção e exploração da mídia com o caso Realengo. É lastimável e assustador imaginar que enquanto as TVS exploram em seus telejornais a tragégia, as grandes empresas disputam os intervalos por milhoes de reais, para que nós, sentados em nossas poltronas, continuemos consumindo seus produtos. Mas o que cada um de nós faz para evitar essas tragédias? O que as grandes empresas fazem por nossa sociedade? Qual a diferença entre o assassino do Realengo e o motorista bêbado que bateu numa van escolar em Minas e matou 09 crianças?? Porquê essa noticia não foi ao ar? Porquê não comove tanto? Ou porquê não vende tão caro os intervalos comerciais? AH... Mortes no transito não chocam mais... Tinha esquecido...

    É dolorido, é mais uma tragédia, são crianças... Mas fico mais comovido com as milhares de crianças que morrem no trafico de drogas, as centenas de crianças que são submetidas a trabalhos escravos... Com as centenas de crianças que se prostituem nas beiras das estradas... Com as que morrem de fome. Todas elas estão sendo assassinadas.

    NÃO SEJAMOS HIPOCRITAS.

    Um abraço!

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  4. TODAS ELAS ESTÃO SENDO ASSASSINADAS, todas elas mantam um leão por dia para sobreviverem em nosso país.As nossas crianças.
    Mas parece que passamos por isso e não enxergamos muita coisa, ou a mídia negligencia muita coisa. Você diz em seu comentário para não sermos hipócritas, mas muitas vezes nós somos. Ficamos sempre muito comovidos, sim, é doloroso ver tudo isso, mas muitas vezes, o que fazemos para tentar sanar esse caos?
    Eu, você, o vizinho, o governo, a sociedade, às vezes esquecemos o quanto é importante fazer a diferença.
    Seu comentário foi primordial para nosso crescimento, precisamos muito começar a rever o que podemos fazer enquanto seres ativos na sociedade para cobrar de nós mesmos a mudança.
    Muito obrigada por colaborar, seus comentários sempre são bem reflexivos.
    Atenciosamente,
    Luanda Santos

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  5. Parabéns pelo belíssimo texto amiga, sempre soube que você é uma excelente escritora. Suas reflexões sobre essa tragédia é bastante profunda. Somos todos responsáveis por essa sociedade não diria doente, mas carente de amor, mas não de um amor banal, que apenas professamos e sim de amor incondicional, amor generoso, amor sem limites e nem interesses. Vidas foram ceifadas, mas que possamos exergar nesses jovens que partiram anjos que Senhor nos enviou para nos deixar algum ensinamento e acordar de um amor que muitas vezes é um amor egoísta que olhamos o outro a partir daquilo que queremos ou aceitamos.
    Beijos
    Rosa

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  6. Não posto comentário efetivo... Posto apenas meu silêncio manifesto... Posto uma lágrima, um voto por dias melhores!

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