Por Luanda Nascimento
Rio de Janeiro…
Parecia um dia comum onde todos iam seguir sua rotina diária, levantar, tomar café, passar o seu dever de casa, ajudar os pais ao sair para escola, enfim, seguir a sistemática forma de encarar as nossas responsabilidades cotidianas.
Parecia mais um dia em que esses adolescentes teriam o prazer de sonhar com suas profissões, com a festinha e o sorvete no final de semana, com o almoço na casa da avó, com o descanso com os pais, com o trabalho que o professor de matemática passou no colégio. Sonhar com a infinita forma com que adolescentes sonham com a vida.
Parecia uma quinta feira feliz, quase véspera de final de semana, e esses adolescentes encarariam a sala de aula para conseguirem aprender não só o conteúdo, mas um pouco do que se deve aprender todos os dias em um ambiente escolar, Como o respeito e a cidadania, dignidade e paz, tudo isso para a construção de um mundo melhor.
Mas não foi um dia qualquer, nem para esses adolescentes que tiveram a vida ceifada, nem para nenhum de nós brasileiros, povo que luta todos os dias para sustentar sua família no final do mês, povo que derrama o suor e às vezes até as lágrimas para sustentar os seus filhos e tentar dar a eles, o melhor que eles podem dar. Povo sofrido, mas batalhador.
É não foi um dia qualquer… e sim um dia onde houve muito derramamento de sangue, muita dor no peito da nossa nação.
O que leva um ser como esse atirador, voltar a sua escola de origem e atirar em crianças e adolescentes? Seria a sua falta de amor? Seria o seu complexo de inferioridade diante dos outros seres? Seria a sua rejeição diante da vida? Os rótulos, a introspectividade, o silêncio, a dor do abandono da mãe biológica, a dor existencial? A falta de Deus?
Essas respostas são incógnitas que aparecem como ulcerações nunca cicatrizadas.
Não saberemos de fato o que levou esse homem a fazer tudo isso, mas só fica a certeza em nossos corações doídos que, devemos lutar para que tragédia maior não venha acontecer novamente.
Devemos investir em políticas públicas para desarmar esse povo, fazer campanha pela paz, trabalhar o eu humano, ceifar a violência pela raiz. Sociedade doente da falta de estruturação governamental e doente também da alma.
Sociedade que gera Wellingtons, e quantos mais aparecerão se não procurarmos agora restabelecer o que nos resta. Wellingtons que atirarão em josés, em Rafaeis, em Larissas, em Marianas, entre outros inocentes…
Inocentes que queriam construir suas vidas…
Tragédia em Realengo, zona oeste do Rio de Janeiro, na escola Municipal Tasso da Silveira. 12 crianças mortas e inúmeras feridas.
Definitivamente, esse dia 07 de abril de 2011 jamais será esquecido por nós.